Presença de veículos irregulares tem levado empresas tradicionais a abandonarem linhas – Foto: José Aldenir/Agora RN
O avanço do transporte clandestino no Rio Grande do Norte já provoca um efeito social crítico: a perda de direitos para milhares de usuários que dependem da gratuidade no transporte intermunicipal, principalmenteos idosos. A informação é do presidente da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Nordeste (Fetronor), Eudo Laranjeiras. Segundo ele, a presença massiva de veículos irregulares — carros, vans e táxis não credenciados — tem levado empresas tradicionais a abandonarem linhas, deixando populações inteiras sem acesso ao serviço público regular.
De acordo com Laranjeiras, 38 municípios potiguares já perderam linhas, o que atinge diretamente idosos, estudantes e outros grupos que possuem benefícios garantidos por lei, mas que só se aplicam ao transporte regulamentado.
“São 251 mil pessoas aproximadamente, desses municípios. Eles perderam o direito das suas gratuidades”, afirmou Eudo, em entrevista à rádio Jovem Pan News Natal nesta terça-feira 18. Sem o serviço regular, a população passa a depender exclusivamente de clandestinos, que não são obrigados a oferecer gratuidade, nem meia-passagem.
O problema se agrava porque, ao mesmo tempo em que toma o passageiro pagante do sistema, a clandestinidade deixa para as empresas a maior parcela do usuário gratuito — o que torna a operação inviável. “Nós estamos deixando esses norte-rio-grandeses sem o direito”, destacou o dirigente.
O presidente da Fetronor afirmou que empresas com décadas de atuação atravessam uma crise sem precedentes. “A gente tem empresas de 60, 70 anos em recuperação judicial”, disse. A redução da demanda e o avanço dos irregulares levaram a um encolhimento histórico do setor: “Nós já tivemos, no Estado, mais de 400 ônibus rodoviários. Hoje, nós estamos com 120”.
Ele citou o caso de Mossoró: “Tem 2, 3, 4 viagens por dia. Já chegou a ser mais de 10”.
Laranjeiras relatou casos em que o fim de uma linha regular provocou aumentos imediatos no preço cobrado por clandestinos. Em Extremoz, por exemplo, a tarifa cobrada por uma empresa era de R$ 5. Após a interrupção, o valor disparou. “No mesmo dia, a passagem do clandestino passou para R$ 8. Na outra semana, já era R$ 10”, contou. “Eles não têm limite”, completou.
Além disso, clandestinos não transportam gratuidades nem descontos obrigatórios. “O clandestino não transporta gratuidade, não permite”, afirmou. O resultado é que estudantes, idosos e pessoas com deficiência passam a pagar integralmente pelo deslocamento — quando conseguem transporte.
“Nós precisamos que o Estado seja mais forte e que dê as diretrizes do transporte. Faça um transporte público”, afirmou Laranjeiras.
Concorrência desleal e falta de fiscalização
O presidente da Fetronor atribui o colapso do setor à ausência de fiscalização e ao avanço indiscriminado de veículos irregulares de todas as modalidades. “A gente fica, na realidade, competindo deslealmente. Eu tenho imposto para pagar, eles não têm”, declarou. Segundo ele, o Estado deixa de arrecadar milhões ao não cobrar taxas previstas. “Fazendo uma conta por baixo, dá para perto de R$ 4 milhões por mês”.
Ele também apontou o impacto negativo dos chamados “moto-ubers”, os motociclistas por aplicativo que, além de operar sem regulamentação, oferecem risco elevado aos usuários. Segundo Eudo, relatos de profissionais de saúde mostram uma explosão de acidentes envolvendo motociclistas. “35 acidentes de moto por dia chegam no Walfredo”, citou, com base no que ouviu de um médico da unidade.
Fonte: Agora RN
















































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































