
Damaria Jácome – Foto: Reprodução/Youtube
A ex-prefeita do município de João Dias Damária Jácome foi presa nesta quinta-feira (21) em Ciudad del Este, no Paraguai. Ainda foram presos na ação: Leidiane Jácome de Oliveira, vereadora e irmã de Damária e Weverton Claudino Batista. Eles são investigados pelo assassinato do prefeito de João Dias, Marcelo Oliveira de Araújo, e do pai dele Sandi Alves de Oliveira, de 58 anos. Os três estavam foragidos desde agosto de 2024.
A operação conjunta que contou com a cooperação internacional da Polícia Federal, apoio operacional da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Foz do Iguaçu/PR e atuação da Polícia Nacional do Paraguai, por meio do comando da Tripartido que atua na Fronteira.
As investigações apontam que Damária e Leidiane são suspeitas de mandar matar o prefeito Marcelo Oliveira, com motivação ligada a disputas políticas locais. Já Weverton Claudino teria atuado como intermediador na contratação dos executores, desempenhando papel central no planejamento do crime.
O crime aconteceu no dia 27 de agosto de 2024, durante o período de campanha eleitoral, em João Dias, município do Alto Oeste potiguar com pouco mais de 2 mil habitantes. O prefeito Marcelo Oliveira foi alvejado com 11 disparos de arma de fogo dentro de sua residência. Ele chegou a ser socorrido e encaminhado a um hospital em Catolé do Rocha, na Paraíba, mas não resistiu aos ferimentos. Na ocasião, o pai do prefeito, que o acompanhava no momento do ataque, também foi atingido pelos disparos e morreu ainda no local.
Motivação do crime
De acordo com o Ministério Público, o crime teve motivação política e pessoal, sendo caracterizado como vingança. A denúncia afirma que o grupo denunciado fazia parte de uma organização criminosa com estrutura hierárquica e funções previamente definidas. De acordo com o delegado Alex Wagner, a família da vice-prefeita e da vereadora atribuía ao prefeito a morte de dois irmãos em confronto com a polícia na Bahia e a prisão de um terceiro em 2022. Eles tinham mandados de prisão abertos por tráfico de drogas.
As investigações revelaram que os envolvidos planejavam não apenas o ataque que vitimou Marcelo Oliveira e seu pai, mas também um novo atentado contra a atual prefeita da cidade, Maria de Fátima Mesquita da Silva, conhecida como “Fatinha”, viúva do ex-prefeito assassinado.
As funções de cada membro, conforme descrito no inquérito, foram as seguintes:
- Damária e Leidiane Jácome: mentoras intelectuais do plano
- Olanir Gama da Silva: articulador do grupo
- Francisco Emerson Lopes, Heliton Barbosa, Jadson Rolemberg e Gildivan Júnior: executores do ataque
- Thomas Tomaz e Rubens Gama: apoio logístico e transporte
- Weverton Batista, Everton Dantas, Carlos Claudino e Marcelo Alves (“Pastor”): responsáveis por fornecer recursos e informações estratégicas
Um dos suspeitos, Josenilson Martins da Silva, foi encontrado morto em outubro de 2024, na zona rural do município de Antônio Martins.
Disputa
Marcelo e Damária disputaram juntos a campanha eleitoral de 2020 e foram vitoriosos, ele como candidato a prefeito e ela, vice-prefeita. Ambos representavam famílias tradicionais na cidade, lideradas por Sandi Oliveira (pai de Marcelo) e Laete Jácome (pai de Damária e vereador).
A família de Laete já era investigada por crimes como o de milícia privada. Durante a campanha eleitoral de 2020, ele foi preso em flagrante por posse ilegal e receptação de armas. Damária também foi considerada foragida da polícia, na época.
Cerca de 7 meses após tomar posse do cargo, Marcelo pediu afastamento da prefeitura e Damária assumiu a gestão municipal em julho de 2021.
Em 2022, o prefeito afastado afirmou à Justiça que foi coagido pela vice-prefeita, além do pai e irmãos dela, para deixar o cargo. Em outubro daquele ano, uma decisão da desembargadora Maria Zeneide Bezerra, do Tribunal de Justiça do RN, determinou o retorno imediato de Marcelo Oliveira à prefeitura.
Em dezembro de 2022, Damária e Laete Jácome foram afastados dos cargos e tiveram mandados de prisão expedidos pela Justiça. À época, os dois negaram qualquer tipo de extorsão contra o então prefeito da cidade e alegaram que ele teria renunciado por motivação própria.
Segundo a polícia, a acusação de Marcelo e o retorno dele ao cargo gerou uma cisão política e pessoal entre as famílias.
Portal 98 FM