
Com 19 parafusos e novas cicatrizes, o político fala sobre a “mesma alma” e o sentimento de gratidão que marcam seu retorno. Ex-deputado federal Rafael Motta em entrevista nesta segunda à rádio 96 FM – Foto: Reprodução
O ex-deputado federal Rafael Motta detalhou nesta segunda-feira 6 sua recuperação do acidente que ele sofreu nas proximidades do Forte dos Reis Magos, em Natal. Em entrevista à 96 FM, Motta relembrou os momentos críticos, a recuperação e refletiu sobre a vida e a política. “O médico me mostrou que por um milímetro eu não fiquei paraplégico”, revelou.
O acidente ocorreu por volta das 17h do dia 25 de agosto, quando Motta, praticante de kitesurf há 20 anos, perdeu o controle da pipa após uma forte rajada de vento. Ele relatou ter dado um salto e, em seguida, ter sido levado a uma altura de 10 metros e um comprimento de 60 metros. Motta estima que atingiu o solo, na areia, a uma velocidade de 50 a 60 km/h.
O ex-deputado lembrou de ter chegado à areia e, em seguida, desmaiado. Ele só voltou a ter recordação após amigos na praia o socorrerem, pedindo para que não se levantasse, e o levarem em uma prancha de kite até o asfalto para o resgate do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
Motta afirmou não ter recordação de dor alguma, mas lembra de ter conversado com a equipe do Samu na ambulância e com um médico Otorrino, amigo seu, ao chegar ao Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel. Ele só voltou a ter lembrança em São Paulo, despertando do coma.
Após o acidente, Motta teve múltiplas fraturas e realizou cirurgias torácica e ortopédica. Ele foi transferido para São Paulo na madrugada do dia 25 de agosto, após passar por cirurgia torácica no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal, para correção de lesão brônquica. No dia 11 de setembro, Motta recebeu alta do hospital Vila Nova Star, em SP.
Momentos críticos
Motta classificou o momento mais crítico como a cirurgia realizada no Hospital Walfredo Gurgel, no Rio Grande do Norte. “O médico falou para o meu irmão que era uma cirurgia muito delicada, que era interessante ele chamar a família para o Walfredo e orar, e rezar”, revelou o ex-deputado, indicando grande chance de morte.
Ele agradeceu a diversos profissionais que o socorreram. “Eu digo com toda tranquilidade que o Walfredo salvou a minha vida”, afirmou. O ex-deputado contou que passou cinco dias em coma, com três vértebras fraturadas, e que o Walfredo Gurgel o estabilizou, possibilitando a transferência para São Paulo em uma UTI aérea.
Segundo Motta, ele está com 19 parafusos, duas hastes e três placas no peito, além de um hematoma no coração, e emagreceu bastante. Ele sente dores nas costas devido a seis vértebras travadas.
“Literalmente, o médico me mostrou que por um milímetro eu não fiquei paraplégico”, contou. A forma como as duas vértebras quebraram preservou a medula, apesar de um pedaço de vértebra já estar pressionando-a.
“Eu tenho um novo corpo, né? Eu tenho… hoje 19 parafusos, duas hastes, três placas no peito, um hematoma no coração, tenho cicatrizes enormes, estou abatido, estou magro, mas eu tenho a mesma alma. Isso é o que é o mais importante”, disse Motta.
Ele ainda ressaltou a importância da fé e da solidariedade que recebeu. “O meu sentimento é exclusivamente gratidão”. “A vida é um dom que Deus dá para a gente, mas tudo tem um propósito. Eu sabia que não era a minha hora naquele momento, eu sabia que ainda tinha muita coisa para fazer”.
Cenário político para 2026
Questionado sobre seu futuro político, Motta confirmou que, antes mesmo do acidente, já trabalhava uma candidatura a deputado federal, que está mantida. Ele está sem partido e tem conversado com líderes. Citou diálogos com o deputado federal João Maia, líder do PP; com o ex-deputado estadual Kelps Lima, do Solidariedade; e com o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves, hoje no PSD. Kelps e Carlos articulam migrar para o mesmo partido para disputarem juntos um mandato de federal em 2026, e já houve sondagem de Rafael.
Motta descartou a possibilidade de ser candidato a senador ou a deputado estadual.
Ele acredita em uma renovação na bancada federal, mas que não será grande parte, pois os deputados no mandato têm uma largada à frente devido às emendas. Ele destacou, contudo, que ex-deputados como ele têm legitimidade por sua vivência e trabalho no interior.
AgoraRN